(51) 3214-8661
De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
Demais dias e horários: (51) 3214-8000
Home / Gêmeos monocoriônicos

Gêmeos monocoriônicos

Síndrome de transfusão feto-fetal

síndrome de transfusão feto-fetal (STFF) é uma complicação grave que acontece em 10-15% das gestações gemelares monocoriônicas (gêmeos idênticos que compartilham a mesma placenta), portanto, em um a cada 2000 gestações. Sua evolução natural resulta em alta mortalidade intrauterina ou neonatal na maioria dos casos. O diagnóstico precoce e o tratamento oportuno permitem salvar a maioria dessas gestações. 

Nas gestações monocoriônicas cada feto tem uma grande parte da placenta que é própria, mas existe uma área entre elas onde há comunicações de vasos sanguíneos chamadas anastomoses vasculares. Por essas comunicações os fetos passam sangue de uma para o outro. Em 85-90% dos casos a troca de sangue se mantém equilibrada, contudo, em 10-15% há desequilíbrio entre os gêmeos, e um deles passa a “receber” sangue (feto receptor) e o outro a “doar” sangue (feto doador). O feto doador tenta poupar o máximo de líquido possível, para de urinar e fica com pouco líquido na bolsa amniótica (oligoâmnio), enquanto o receptor recebe tanto volume de sangue que seu coração começa a trabalhar mais do que o normal. Isso faz com que ele produza mais urina e, portanto, passa a ter um excesso de líquido na bolsa amniótica (polidrâmnio). 

diagnóstico da STFF é feito pela avaliação integral, com ecografia, por especialistas em medicina fetal. Visto que o quadro pode aparecer de forma rápida em muitos casos, é muito importante que os gêmeos monocoriônicos façam controles ecográficos a cada 2 semanas (ou menos se necessário) durante toda a gestação. O estudo Doppler é importante para classificar a gravidade da síndrome. 

tratamento da STFF consiste em realizar uma cirurgia intrauterina (dentro da barriga da mãe) para coagular (queimar) com laser as comunicações de vasos entre os dois fetos. A cirurgia é chamada fetoscopia, uma cirurgia endoscópica e minimamente invasiva feita por um orifício de aproximadamente 3 milímetros. Por esse orifício é introduzido um fetoscópio, que permite ver e destruir com laser as anastomoses vasculares entre os fetos. É um dos tratamentos mais bem-sucedidos na medicina fetal, já que é possível curar a doença na maioria dos casos. É uma das cirurgias fetais com maior número de casos em todo o mundo, superando 20 mil casos operados em diversos lugares do mundo. Segundo a literatura médica, a fetoscopia consegue reverter a situação e passar de uma sobrevivência ao redor de 0% para uma sobrevivência de pelo menos um dos fetos em torno de 80% dos casos.
Restrição de crescimento fetal seletiva

restrição de crescimento fetal seletiva (de um dos fetos), também conhecida como restrição de crescimento intrauterino seletiva, é uma complicação que ocorre em cerca de 10-15% das gestações monocoriônicas (gêmeos idênticos que compartilham a mesma placenta) e, portanto, em um a cada 2000 gestações.

Nela, um dos gêmeos cresce muito menos que o outro, porque o seu território de placenta é menor do que o do outro. Isso faz com que o feto menor (restrito) receba menos nutrientes e oxigênio do que o maior (adequado para a idade gestacional). Como os fetos estão conectados por vasos da placenta (comunicações vasculares placentárias), o que acontece com um dos fetos pode afetar o outro. Por exemplo, se o feto menor se encontra em uma situação muito grave e apresenta bradicardia (redução do batimento cardíaco) e óbito, o outro pode perder muito sangue e sofrer consequências como óbito ou sequelas neurológicas. A restrição de crescimento seletiva pode apresentar-se de diferentes formas, a depender de como são as comunicações vasculares entre os fetos, e a classificação dos diferentes tipos é feita com base no estudo Doppler da artéria umbilical do feto menor.

A maioria dos casos de restrição de crescimento fetal seletiva pode seguir um tratamento expectante, que consiste em vigiar e decidir o melhor momento para o nascimento. Em alguns casos mais graves, entretanto, pode estar indicada uma cirurgia intrauterina (fetoscopia) para destruição (coagulação) por laser das comunicações vasculares da placenta. Essa cirurgia não reverte o problema da restrição de crescimento, mas pode proteger de forma significativa o feto adequado para a idade gestacional de sequelas e do óbito fetal caso as condições do feto menor se deteriorem muito.
Sequência TRAP (feto acárdico)

sequência TRAP ocorre quando um dos gêmeos monocoriônicos (gêmeos idênticos que compartilham a mesma placenta) é extremamente malformado, sem a formação do coração (feto acárdico) e o outro feto é normal, mas atua como perfusor (feto “bomba”), enviando sangue para o feto acárdico. É uma condição muito rara e pode ser muito grave. Com frequência, devido às comunicações vasculares frequentes neste tipo de gestação, o feto normal (perfusor) pode evoluir com insuficiência cardíaca e óbito.
 
fetoscopia está indicada quando há sinais de comprometimento hemodinâmico (insuficiência cardíaca progressiva) no gêmeo normal. A cirurgia consiste em coagular os vasos do cordão umbilical do feto acárdico para interromper o fluxo de sangue entre os fetos e, assim, salvar o feto normal.